segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ônibus com estudantes indígenas foi incendiado na noite de sexta-feira (3) em Miranda

O índio terena Edivaldo Francisco Martins, de 29 anos, estava entre os passageiros do ônibus escolar que foi alvo de um ataque com coquetel molotov na noite dessa sexta-feira (3) em Miranda, cidade a 203 quilômetros de Campo Grande. Ao G1 MS, ele relatou que o fogo se alastrou rapidamente dentro do veículo. “Ouvi um barulho e vi a fumaça. Pensei que era uma queimada na estrada. Quando vi o fogo, percebi que era dentro do ônibus”.
Na hora do ataque, havia cerca de 30 alunos do ensino médio, supletivos e cursinhos no ônibus que fazia o trajeto diário entre o centro da cidade e as aldeias que ficam na zona rural. Adultos e adolescentes estavam no veículo.
O ônibus se aproximava do acesso à Aldeia Babaçu quando foi atingido por pedras e garrafa com líquido combustível. Edivaldo conta que os passageiros entraram em pânico. “Não consegui ver nada direito. Todos tentavam quebrar as janelas ou arranjar algum lugar para sair em meio a toda a gritaria. Vi pessoas literalmente pegando fogo”, diz o indígena.
A estudante Lurdivone Pires, de 28 anos, foi a última a sair das chamas. Ela teve a ajuda de Edivaldo, que ouviu gritos dentro do veículo e voltou para resgatá-la. A irmã, Lucivone, acompanhou a vítima que precisou ser transferida para a Santa Casa em Campo Grande. “Minha irmã ia terminar o ensino fundamental este ano. Agora, depois dessa tragédia, não sei se ela vai querer estudar ainda”, relata Lucivone.
Indígena Lucivone, de 28 anos, uma das vítima de atentado a ônibus em Miranda (Foto: Felipe Bastos/G1 MS)Lucivone, de 28 anos, uma das vítima de ataque a
ônibus em Miranda (Foto: Felipe Bastos/G1 MS)
Entre os quatro hospitalizados em Campo Grande, o motorista Laércio Xavier Correia, de 27 anos, é um dos que inspira mais cuidados. Sofreu queimaduras na cabeça, braços, tórax e pernas. Outro paciente permanece internado no hospital municipal de Miranda.
O cacique Adilson, da aldeia Cachoeirinha, ainda não tem pistas sobre a autoria do crime. As polícias Civil e Militar contam com a ajuda das lideranças indígenas para apontar prováveis suspeitos. “O clima na aldeia é de muita revolta, estamos todos chocados com o que aconteceu”, diz o cacique. Cerca de 6 mil índios vivem no complexo de aldeias daquela região.

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